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Babesiose Canina
Introdução
A babesiose é uma doença causada por um protozoário Babesia canis e transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus.
A babesiose é, claramente, uma das mais importantes doenças protozarianas a acometer os cães. É importante ressaltar que, em diversos casos, pode ocorrer uma infecção concomitante por Ehrlichia canis.
Patogenia e Aspectos Clínicos
Toda a patogenia da babesia está relacionada à hemólise (quebra de hemácias), ocasionada por esta multiplicação do parasita no interior dos eritrócitos causando o rompimento. Com o rompimento das células parasitadas, além de causar anemia, ocorre liberação de hemoglobina, o que gera hemoglobinúria e bilirrubinemia. A fração indireta da bilirrubina, em grande quantidade, leva a uma sobrecarga do fígado, ocasionando icterícia, congestão hepática e esplênica, gerando hepatoesplenomegalia.
Em casos de infecções concomitantes de B. canis e E. canis, o cão demonstra uma severa anemia normocítica normocrômica, causada pela destruição de eritrócitos maduros e também ocorre o impedimento da eritropoiese, desenvolvendo uma doença muito grave, muitas vezes sendo fatal, principalmente em cães mais jovens.
Cães infectados podem apresentar quadro agudo com anorexia, apatia, diarreia, pneumonia, febre, hemoglobinúria, anemia branda a grave e icterícia, sendo que esta última nem sempre está presente, com curso de 3 a 10 dias. A evolução da doença pode levar a morte ou a lenta recuperação, que pode levar mais de um mês. Em alguns casos, pode haver o aparecimento de sintomas neurológicos, com extrema apatia ou agressividade, paralisia, desequilíbrio e ataxia.
Diagnóstico e Achados Laboratoriais
O diagnóstico de babesiose é confirmado pela demonstração da presença dos protozoários no interior de eritrócitos. Os esfregaços sanguíneos são confeccionados com sangue periférico e corados por colorações do tipo Romanowsky, como Giemsa, Wright, Rosenfeld ou Diff- Quick. A presença de grandes organismos piriformes (2,4 x 5,0 μm), comumente presentes aos pares, é indicativo de infecção por B. canis, enquanto microrganismos intracelulares singulares e menores (1,0 x 3,2 μm) provavelmente pertencerão à espécie B. gibsoni.
Entre os achados laboratoriais mais comuns estão a anemia regenerativa, hiperbilirrubinemia, bilirrubinúria, hemoglobinúria, trombocitopenia, acidose metabólica, azotemia e cilindros renais, sendo as principais anormalidades hematológicas observadas a anemia e a trombocitopenia.
Em casos de babesiose canina, a anemia que é encontrada geralmente é normocítica normocrômica, de baixa intensidade nos primeiros dias após a infecção, tornando-se macrocítica, hipocrômica e regenerativa à medida que a moléstia progride. A reticulocitose é proporcional à gravidade da anemia. Anormalidades leucocitárias são observadas inconsistentemente, podendo ser: leucocitose, neutrofilia, neutropenia, linfocitose e eosinifilia. Animais adultos sorologicamente positivos, porém assintomáticos, podem não apresentar anormalidades hematológicas.
A babesiose também pode ser diagnosticada em situações de baixa parasitemia (casos de fase subaguda ou crônica) através do teste de ELISA. Assim como a imunofluorescência indireta, este teste permite a diferenciação entre animais doentes e animais nos quais os anticorpos são remanescentes de uma infecção precedente, não significa que a doença esteja ativa. Os testes sorológicos devem ser avaliados com cautela, e sempre em conjunto com os achados laboratoriais relevantes, como a contagem de plaquetas (trombocitopenia). Como técnica mais sensível e específica disponível temos o PCR, muito utilizado atualmente para fechar diagnóstico.
Tratamento
O dipropionato de imidocarb causa a eliminação completa do agente do organismo animal, faz a inibição da perpetuação do estímulo antigênico, fazendo com que a proteção seja limitada, e os animais ficam suscetíveis a novas infecções. Nestas condições, a persistência de uma infecção residual seria desejável para que houvesse uma estimulação antigênica periódica, bem como a manutenção de um título adequado de anticorpos, os quais, em conjunto, promoveriam proteção prolongada. Por isso o uso doxiciclina, poderia ter essa finalidade, pois ela não causaria a extinção completa do agente, apenas limitaria a infecção em si.
O uso de fluido é importante para hidratação do animal e também para expandir o volume vascular, diminuindo a toxicidade, corrigindo os desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos evitando assim uma acidose metabólica, perdidos durante a diarreia e os episódios de êmese. Caso o animal apresente infecções bacterianas secundárias, o uso de antibióticos é necessário. Em cães que estão muito acometidos com a doença pode ser necessário transfusões de sangue ou administração de bicarbonato na cetoacidose.
Foto 1: Babesia canis no interior de eritrócito.